Enviado em 06/06/2011
Frase
conhecida, repetida nos últimos 38 anos na TV e nos
últimos 15 anos eternizada principalmente pelo
narrador Ronaldo Artinic, um dos maiores narradores
da história da Álamo.
A
Álamo nasceu em Outubro de 1972 pelo ex-técnico de
som da Cinematográfica Vera Cruz, Michael Stoll. A
empresa se torna um marco tanto na dublagem de
produções estrangeiras quanto para o cinema
nacional, trazendo do exterior o que havia de melhor
em equipamento e técnicas sonoras. Ao mesmo tempo
com a caída dos principais estúdios de São Paulo,
a Álamo se fortalece nesse gênero e lança muitos
novos dubladores na empresa e trás outros
profissionais de outras empresas, e muitos que não
tinham um espaço maior nas demais empresas,
começam a ter na Álamo, como Leda Figueiró, Jorge
Pires, Sandra Martha, Lúcia Helena, Marli Marcel,
Mário Vilela e muitos outros.
Logo
de início grandes filmes e desenhos já começam a
chegar na empresa, e canais importantes como Tupi,
Bandeirantes e TVS, começam a contratar seus
serviços.
Nos
anos de 1980 é quando tem o seu maior triunfo. Com
o fim da AIC e o início da BKS, acaba adquirindo
muitos profissionais da AIC e ao mesmo tempo
trazendo muita gente do teatro como Leonardo Camilo,
Francisco Brêtas, Carlos Laranjeira, Marcos Lander
e etc... Outro de seus troféus foram as séries
japonesas que encheram seus estúdios de trabalhos
contínuos como Changeman, Maskman, Jiraiya, Jiban,
Jaspion, Flashman e daí por diante, todas a pedida
da Rede Manchete, que aprovava com unanimidade o
profissionalismo e o trabalho da Álamo.
Esquadrão
Relampago Changeman, uma das séries japonesas de
maior sucesso dublado na empresa.
Não
só os grandes profissionais da voz foram
importantes para empresa, mas também os diretores,
no qual os de maior importância em São Paulo
desempenharam um trabalho ímpar na empresa. Entre eles estão Nair Silva, Líbero Miguel,
Gilberto Baroli, João Paulo Ramalho, Ricardo
Nóvoa, e muitos outros.
Também
não podemos esquecer de lembrar dos grandes
narradores que a Álamo teve. Nos anos de 1980 tivemos
Carlos Alberto Amaral, com seu tom forte e firme,
Francisco Borges algumas vezes nos anos de 1980, já nos
anos de 1990 tivemos Nano Filho, algumas vezes Ricardo Nóvoa, Nuno Mendes,
Ronaldo Artinic, que ficou de final dos anos de 1990
até hoje, ficando ausente em meado dos anos de 2000
e sendo substituído por Gilberto Rocha Junior, e
logo depois retornando e permanecendo até o fim da
empresa.
Nos
anos de 1990 a concorrência era acirradas, tínhamos
a Mastersound, Marshmellow, Clone, Sigma,
Dublavídeo e Centauro, mas a Álamo conseguia
sempre garantir excelência entre todas, graças ao
seu grande profissionalismo e competência, e
também tecnologia, inclusive foi a primeira empresa
de São Paulo a ter o som Dolby Digital 5.1., a
melhor qualidade de som da atualidade, e só os
grandes estúdios do mundo tinham essa tecnologia
na época, época essa que se localiza no final dos
anos de 1990.
Neste
último mês de Maio, tivemos a triste notícia pelo
Twitter do dublador Hermes Baroli, que fez carreira
desde criança na Álamo, avisando sobre o
encerramento do estúdio, e que estava muito triste
pois a Álamo era sinal de profissionalismo e de
grande empresa, e fechando as portas assim de
repente, demonstrava preocupação com o futuro da
dublagem paulista. Essa notícia não pegou só
nós, fãs de dublagem de surpresa, mas também os
próprios dubladores, pois a empresa não vinha
passando por crises, nem perca de trabalhos, ao
contrário, seu fluxo de trabalho era constante como
sempre, e isso
impressionou a todos.
Em 2010 foi dublado na
empresa um dos filmes mais esperados pelo Brasil, que foi os
Mercenários, no qual o diretor Rodrigo Andreatto realizou uma
direção brilhante, fazendo uma mesclagem Rio-São Paulo, colocando as
vozes originais dos atores feitas no Rio.
Muitos
dizem que a empresa fechou pela concorrência, outros
dizem que ela cobrava mais caro que as outras
empresas paulistas, outros já dizem que por ela ser
uma referência de qualidade não se rendeu a acordos
trabalhistas e a tabelas de preços, que sempre
reduzem a qualidade do trabalho, chegando assim a
falência por trabalhar corretamente. Seja
qual foi o verdadeiro motivo, todos são
lamentáveis, pois cada vez se torna mais raro
estúdios de qualidade no Brasil, as distribuidoras
e os canais de TV em sua maioria prezam por
serviços mais rápidos e baratos e acabam deixando
de lados as boas empresas que mofam a espera de
trabalho, quando as de má qualidade não param de
trabalhar, e empresas como a Álamo, eram de
qualidade extrema, sendo assim não podem reduzir, nem se
quisessem, seus preços, pois têm que manter estúdios
grandes, diretores de qualidade com maiores
salários, dubladores de maior qualidade e etc..., e
com isso afundam por serem corretas. É lamentável
um fato desses.
"Era
um estúdio tradicional pois foi fundado pelo Sr.
Michael Stoll, técnico de som vindo da Inglaterra
para trabalhar nos estúdios da Vera Cruz, que posteriormente montou o famoso e mais tradicional estúdio
de dublagem de São Paulo. Por isso afirmo que com o
fechamento da Álamo vai junto uma parte da história
do cinema e da dublagem brasileira. Vi vários
dubladores e dubladoras tristes e alguns até
chorando pelos corredores nestes últimos
dias." Fábio Tomasini, dublador.
Michael
Stoll, fundador da Álamo
Fica
aqui o nosso agradecimento a todos os diretores,
técnicos de som, mixadores, secretárias/os,
trabalhadores em geral da casa, e principalmente ao
saudoso Michael Stoll, falecido em 2005, e à seu
filho Alan Mark Stoll, que estava também no comando
do estúdio desde os anos de 1990, pelo empenho e honra
com que demonstraram em sua empresa. Podem ter
certeza que seus trabalhos, seu profissionalismo e
sua honestidade jamais serão esquecidos, não pelos
fãs de verdade e pelos profissionais que passaram
por essa casa.
Foi uma grande empresa de dublagem e sobreviveu dignamente. Pra mim foi a maior junto com a AIC.
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