quarta-feira, 20 de março de 2019

Artigos de Revistas - As Casas de Dublagem (2ª Parte)

Segunda parte da matéria sobre as casas de dublagem para a edição N° 28 de Março / Abril de 2000 da revista TV Séries, contando um pouco da história da dublagem brasileira e o seu decorrer.

CASAS DE DUBLAGEM (2ª Parte)

Daremos continuidade à matéria iniciada na edição número 27, de janeiro / fevereiro, sobre as casas de dublagem do Brasil.

DUBLADORA NÃO É DISTRIBUIDORA

Um engano que pode ocorrer entre os fãs de filmes e séries é confundir os serviços de uma empresa de dublagem com os de uma empresa distribuidora de filmes. “O estúdio de dublagem é responsável por versões em português de produções estrangeiras, apenas por isso”. Nos informa a gerente do estúdio paulista Centauro, Sra. Edelim Cremonese. Acrescenta sobre esta função o proprietário da Master Sound, outra casa de dublagem paulista, José Luis Appezzato: “a dublagem é um trabalho artístico, pois é feito por atores. O dublador é um prestador de serviços e trabalha onde quer. A dubladora não possui os diretos de nada; é prestadora de serviço, não tem direito ao áudio, não sabe se vai passar na TV aberta ou fechada. Depois que o filme é checado pelo estúdio, o trabalho acaba. Já as distribuidoras, são donas dos filmes; são responsáveis em mandar o material para ser dublado. Hoje, elas procuram a qualidade e, principalmente, a credibilidade, ou seja, a certeza de que o material vai estar dublado no dia e no prazo, mantendo um padrão de dublagem.”


Sendo dona do áudio, a distribuidora pode dispor deste material de maneira que melhor lhe provir. O áudio pode, ou não, ser negociado em separado da venda do filme / série / desenho a alguma emissora de TV, que pode pagar pela exibição do filme optando em ter ou não o som em português. A TV a cabo, por exemplo, costuma optar apenas pela imagem (com o som original que vem junto) e trocar a dublagem pela legenda pagando, assim, menos pelos direitos de exibição do filme. Depois que os direitos de venda de um programa para exibição no Brasil terminam, as distribuidoras têm a obrigação de devolver as imagens (que são cópias) para os estúdios de origem, que costumam queima-las. Assim, quando uma emissora decide comprar os direitos de exibição de uma determinada produção já devolvida, é necessário fazer uma nova cópia a qual estará em melhores condições para exibição. Já o som de áudio, pode ou não ser entregue ao estúdio que pode ou não desejar recebê-lo. Se o recebe, é em geral, destruído junto com a cópia de imagem. Se não é entregue ao estúdio, fica no Brasil, podendo ser ou não guardado pela distribuidora. Nos casos de produções muito antigas, as quais não costumam ter saída, ocorre o processo de destruição do áudio.

Não existindo um Museu de Imagem e do Som que manifeste qualquer interesse em preservar estes trabalhos, podendo entrar em acordo com as distribuidoras, aos poucos, esses arquivos de áudio vão desaparecendo. Outra forma de se perder esta parte da memória da TV brasileira, é a opção das emissoras em não aceitar o som antigo (mesmo quando este ainda existe) substituindo-o por áudio mais atual ao invés de submete-lo ao processo de remasterização o qual retira os defeitos provenientes da ação do tempo.

POR QUE UMA SÉRIE É FEITA EM DUAS DUBLADORAS?

Atualmente, com o advento da TV a cabo, as séries têm passado por uma situação pouco usual, como vemos em The Big Easy e A Bela e a Fera, dubladas no Rio de Janeiro e depois em São Paulo. É verdade que existiram casos como Batman, Bonanza, Dr. Kildare, que algumas temporadas foram dubladas em São Paulo e as seguintes no Rio de Janeiro, mas hoje chegou-se ao ponto de dublar as mesmas temporadas em estúdios, diferentes como foi o caso da série Walker Texas Ranger, cujos mesmos episódios foram dublados em estúdios carioca e paulista.

Primeiramente, precisamos entender que quem determina para onde a série (ou filme) será enviada para dublagem é quem o comprou para exibição, que pode ser tanto um canal aberto ou a própria distribuidora que os vende para canais abertos ou fechados. O motivo pode ser que ambas as emissoras tenham prazos diferentes para exibir o produto ou preferências por vozes, como nos conta Edelim Cremonese, do estúdio Centauro: “A produtora vende para a TV a cabo, e também vende para a TV Aberta para estrear em outra data. As emissoras, muitas vezes, têm preferência por determinadas vozes ou elenco e pedem para trocar, mesmo sabendo que foi dublado e exibido em outro canal com outras vozes”. Um exemplo desta situação aconteceu com o filme O Máskara que havia sido exibido no Canal Tnt com uma versão do estúdio Álamo, porém, a Rede Globo pediu uma redublagem que foi feita pela Vti. A identificação do ator com ma determinada voz também pode causar a troca de dublagem como foi o caso da série Stargate Sgi, em exibição pela Mgm, que está sendo submetida a uma nova dublagem para que Richard Dean Anderson volte a ter a voz de Garcia Jr., responsável pelo ator em Profissão: Perigo.

Edelim Cremonose acrescenta que o prazo para exibição pode acarretar na mudança de vozes nas temporadas de uma série. “Para cumprir o prazo, a distribuidora divide a série entre dois ou mais estúdios, com os quais ela esteja acostumada a trabalha, e cada um faz uma temporada diferente. Esta é uma das razões para que esta decisão seja tomada. Existem muitas outras”. Segunda Sérgio De La Riva, da Delart, “a mudança de estúdio por temporada é motivada pelo preço da dublagem. A distribuidora ou emissora resolve procurar um estúdio mais barato. Outro fator que pode acarretar esta mudança de estúdios é a insatisfação com a qualidade final do trabalho. Felizmente, com as nossas séries isso não ocorre, pois elas começam aqui e terminam aqui”. Concordando com essa opinião, Antônio Paladino, da Marshmellow acrescenta: “a mudança pode depender do contrato da distribuidora com o estúdio, ou seja, foi acertado um preço X para um número determinado de episódios porém, mais tarde, chegam novos episódios e a casa de dublagem X+Y. A distribuidora, então procura outro com preço por minuto mais barato”.

“É a oferta de mercado. A distribuidora escolhe a casa de dublagem pelo menor preço”. Nos conta Angélica Santos da Álamo. “A distribuidora faz testes em vários lugares e escolhe o que cobrar menos. Hoje, a Álamo tem bons preços e tem qualidade, não procurando prejudicar nenhum dos lados”. Infelizmente, quem perde com isso é o público que se acostuma com “aquela voz” para o personagem e, quando entra uma nova temporada, trocam todas as vozes. Segundo o dublador e diretor Antônio Moreno a questão é oriunda do distribuidor: “A mesma série tem dois distribuidores, um nos Eua, e outro aqui e acaba sendo dublado simultaneamente em dois locais. É questão de distribuidor”. O mesmo pode ocorrer com a legenda que, ao trocar de tradutor, perde sua continuidade em termos utilizado pelo tradutor anterior, descaracterizando as expressões.

A credito que as distribuidoras deveriam, além de pensar em baixar os custos, respeitar mais o público lembrando-se que este é quem paga as mensalidades, altas por sinal, das TVs por assinatura. Deveriam, portanto, procurar negociar com o estúdio que começou a dublagem para que fosse possível manter o trabalho naquele determinado estúdio, com as mesmas vozes. No mínimo, deveriam pedir ao novo estúdio que escalasse as mesmas vozes utilizadas nas temporadas anteriores, já que o dublador é livre para trabalhar em quantas casas desejar (desde que não haja colisão de horários). Existe, é claro, o problema de troca de vozes por desistência do próprio dublador, seja por colisão de horários com outros trabalhos considerados mais importantes e rentáveis, ou por problema de relação entre dublador e casa de dublagem. Neste último caso, a distribuidora deveria ter a obrigação de interferir (ao invés de acatar a mudança) e exigir da casa de dublagem uma solução para os problemas internos, de forma a permitir a continuidade do trabalho para o qual foi contratada, mantendo as vozes já escaladas e apresentadas ao público. A troca não é a solução para o controle de qualidade, mas a última opção, como em casos de falecimento dos dubladores.

Cabe ao público reagir contra isso, reclamando aos canais, às distribuidoras e às casas de dublagem, exercendo assim, seu direito de consumidor, evitando que seu objeto de lazer tão essencial em nossos dias, seja prejudicado por questões econômicas.

A TV A CABO AJUDA AS DUBLADORAS?

Muitos de nós, felizardo assinantes de TVs a cabo, pensamos que pelo grande número de canais em atividade, haveria um aumento na produção de trabalhos dublados neste veículo, graças ao fato de que uma grande parcelo da programação dos canais é composto de séries, filmes, desenhos e programas humorísticos. De acordo com algumas matérias publicadas na imprensa em geral, a TV a cabo é uma parceira e incentivadora dos estúdios de dublagem. Correto? A realidade não é bem assim.

Fiz para todos os estúdios com os quais falei uma mesma pergunta: “Você (o estúdio) sente que, com a TV a cabo, houve um aumento no trabalho de dublagem?” Cada qual, me deu suas respostas como nos fala, Edelim Cremonese, gerente do estúdio paulista Centauro: “Teve um aumento no início, mas no ano passado houve uma refreada, ocasionada pelas várias reprises que os canais programam”. Respondendo está pergunta, Jorge Barcellos, da Sigma, acrescenta: “Houve um auxílio, mas não na proporção que deveria ter ocorrido. O Plano Real deu estabilidade para a classe média, contudo, deteriorou. A TV a cabo não cresceu como haviam planejado; hoje, ela atinge somente as classes mais ricas ou média alta. Porém, com o passar do tempo, vai ter que se adaptar às classes mais baixas as quais não tem paciência para ler a legenda”. Barcellos reconhece que houve um pequeno crescimento na oferta de trabalho, mas por parte das locadoras de vídeo, que estão chegando às classes mais baixas, e canais abertos, que procuram programas que fizeram sucesso entre os assinantes. “Emissoras como a Record, por exemplo, aumentaram sua linha de filmes. Com a TV a cabo, diminuiu a oferta porque o que ela arrecada, não cobre os gastos da própria TV a cabo”.

“Hoje, no mercado, existe um ‘buraco-negro’ com a fala de trabalho. Casas grandes como Álamo, Sigma, Master Sound, por exemplo, têm bastante trabalho, mas as menores ficaram sem”. Diz Angélica Santos, coordenadora de dublagem da Álamo e voz de Kevin Arnold em Anos Incríveis. “A maior parte da população precisa do filme dublado porque a pessoa chega em casa à noite, cansada, e ainda tem que ler o filme?” Talvez, esta seja a razão da queda das assinaturas!”.

Segundo Zinóvia Saliveros, da Telecine, “Aumentaram as ‘casas’, existem cerca de 14 estúdios no Rio de Janeiro, e o mercado ficou muito dividido. Desta forma, o trabalho não aumenta por causa desta divisão e pelas constantes reprises”. Para Sérgio De La Riva, do estúdio Delart, não houve aumento de trabalho. “Hoje, a Delart trabalha para a TV aberta, porque a maioria do que passa no cabo é legendado e, mesmo quando dubla, muito deste trabalho é feito fora do Brasil, o que eu acho errado”. Para Antônio Paladino, do estúdio Marshmellow, “houve um aumento de trabalho até o dólar disparar. Com a inadimplência dos assinantes, as emissoras (por cabo) investem menos e optam em reprisar os episódios que já estão dublados”. Esta é a mesma opinião de Nelson Machado, da Capricórnio, “sem dúvida houve aumento no início. Com as TVs a cabo, surgiram novas oportunidades, mas depois retrocedeu. É infinitamente mais barato legendar do que dublar, assim, estão sendo criadas duas gerações de telespectadores. Algumas TVs que estão mais estáveis dizem: ‘Vamos voltar a dublar!’, as que perderam seus incentivos financeiros mandam legendar. Existe, ainda, uma parcela de pessoas, que se auto-considera ‘culta’ e diz que dublar é ‘inculto’. Esta parcela é pequena, mas é aquela que escreve para jornais, trabalha na mídia, e portanto, faz parecer que sua opinião é a opinião nacional e não se importa com os demais”.

Para Nelson Machado, a iniciativa das distribuidoras e TVs a cabo mandar seu produto para ser dublado no exterior, é mais uma forma de baixar as despesas. “O custo do distribuidor para mandar dublar um filme é, vamos dizer de R$ 5.000,00, mas se mandar para Miami não chega a R$ 3.000,00; então, preferem que seja dublado lá. Só que lá dublam mal, obrigando o distribuidor a optar entre Miami (mais barato) ou ‘casas’ do Rio e de São Paulo”.

Para Mauri Ribeiro da Silva, Diretor-Artístico da Dublavídeo “esta é uma base ‘negra’. Já investimos tanto apostando no crescimento da TV a cano, mas não engrenou, não tem crescimento. Tem várias casas paradas por falta de trabalho”. Já para a Silvana Polito Telles, da Herbert Richers, houve um “aumento de trabalho de uns 80% com a TV a cabo. Com isso o mercado ‘abriu’, o que permitiu surgirem outras empresas. Hoje, temos mais de 10 empresas de dublagem só no Rio. Antigamente tínhamos apenas a TV aberta, agora temos também, TV a cabo e dublagens para o exterior, como Miami e México. Abriu muito o campo, foi favorável esta iniciativa, sendo que hoje a Herbert domina 80% do mercado e o restante é dividido entre as outras empresas”.

Ante a tais declarações, fica esclarecida a contradição com as matérias publicadas em jornais. A TV a cabo não está ajudando a dublagem em sua totalidade. Existem canais como o Zaz, pela DirecTV, que mantém até hoje, toda sua programação destinada ao público infantil dublada em espanhol. Se levarmos em consideração as constantes reprises dos mesmos episódios das mesmas séries, filmes, desenhos e documentários, e ainda à insistência da TV a cabo em não considerar seu público como um todo apenas como um todo composto de uma metade (aquela que prefere a legenda), apesar de ambos pagarem o mesmo valor da mensalidade, a oferta de trabalho continuará baixando. É necessário atender ao público que prefere o som original e aquele que prefere o som dublado em português. Para tanto, é preciso disponibilizar todas as opções técnicas, as quais os provedores de sistemas de TV a cabo adoram divulgar: Tecla Sap (para o som original) e tecla Closed Captain (para quem precisa de legenda ao optar pelo som original).

RIN-TIN-TIN GANHA NOVA DUBLAGEM

A Record estreou a versão colorizada da série Rin Tin Tin, mas com uma nova dublagem. Apesar da boa qualidade, está nova versão não era necessária, pois há apenas 5 anos esta série foi apresentada pelo canal Warner com a dublagem feita na década de 50 e seu áudio estava em perfeitas condições. Mas parece que a Record não se interessou em colocar um som “velho” com a cópia “nova” (da imagem). Com isso, perde audiência, pois muitos dos fãs desta série acabam se desinteressando, ao constatar que terão apenas “metade” do programa de volta. Nestes últimos anos, testemunhamos a redublagem de Jornada nas Estrelas, Zorro, Lassie, Flipper, Jogo Duplo e Thunderbirds, bem como dos desenhos Speedy Racer, Pinóquio, Homem-de-Ferro, Hércules, Rocky & Bullwinkle, entre outros

O DUBLADOR E AS CASAS DE DUBLAGEM

“Um dublador pode pegar trabalho em muitas ‘casas’ e elas respeitam muito umas as outras quanto a isso”. Disse Guilherme Briggs, a voz de Freakazoid e do Caçador de Fortuna. Acrescentando sobre está situação, Jorge Eduardo, a voz de Fox Mulder de Arquivo X e do Ray Vecchio de Rumo ao Sul, afirma: “Você pode pegar trabalho em várias ‘casas’, só não pode ao mesmo tempo, é uma lei da física, sabe? Não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo”. Assim é necessário que exista uma adaptação de horários entre as escalas de trabalho do dublador com as do diretor de dublagem. Desta forma, ele estará livre para fazer o trabalho para o qual foi escalado, ou seja, ele tem que se programas para às tantas horas estar naquele estúdio fazendo uma determinada série; terminado isso, se dirige a outro estúdio onde dublará um outro personagem de outro programa e assim sucessivamente.

Sobre o assunto nos fala Amanda Biscola, secretária do estúdio paulista Dublavídeo: “Este é um dos meus trabalhos, cuidar para que o dublador informe seu horário para adapta-lo na agenda do diretor. Existe um remanejamento de escala de acordo com a agenda do dublar e a “casa” faz a dela para que ele (o dublador) possa estar na outra casa em uma determinada hora”.

Para aqueles que tem a oportunidade de acompanhar a séries / filmes e desenhos dublados, é interessante salientar que é possível ouvir a mesma voz dublando dois ou três personagens em um mesmo programa, sendo que para isso, o profissional precisa alterar seu tom de voz e estilo. Este processo é chamado “dobra”. Ou seja, o dublador “dobra” sua voz em outros personagens além daquele para o qual foi escalado. Aos críticos um aviso, esta prática “nasceu” nos estúdios de dublagem norte-americanos. Vejam os créditos dos desenhos animados, sendo o mais famoso Os Simpsons, no qual o dublador do Homer é o mesmo do palhaço Krusty: Dan Castellaneta. O motivo consiste no elenco de vozes ser bem reduzido, permitindo ao dublador completar sua cota de loops ou anéis a serem dublados.

No Brasil, somente são permitidas até 3 dobras em uma obra inteira. O fator motivador é também, o elenco reduzido de vozes escaladas para aquele determinado trabalho. O número máximo de dobras foi estipulado em um acordo coletivo entre as casas. “Eu fui o responsável pelo item que trata do número de dobras em uma produção”. Conta Antônio Moreno, a voz de George Peppard em Esquadrão Classe A, e diretor de dublagem. “Há algum tempo atrás, fui procurado por fãs de dublagem da Bahia, que eram cegos e tinham dificuldades em reconhecer as vozes em função da voz do bandido também ser a do ajudante do xerife e de outros personagens. Assim, me preocupei em evitar esse problema incluindo essa especificação no acordo”.


Gostaria de deixar registradas algumas das “dobras” famosas nas quais o dublador conversou consigo mesmo em uma demonstração de versatilidade impressionante do profissional. O sempre excelente Orlando Drummond, ao dublar o saudoso desenho Dinamite, o Bionicão, em um determinado episódio tem como convidado especial o Scooby-Doo e sua turma. O cachorro Scooby, também “boneco” (expressão pela qual é chamado o personagem que o dublador é chamado para dublar) de Drummond, foi uma dobra necessária para que o personagem não se descaracterizasse mudando de voz. Drummond passou pela mesma situação, desta vez no desenho do Scooby, no qual os convidados foram O Gordo e o Magro, Drummond era a voz de Oliver Handy (O Gordo) em um desenho da dupla produzida pela Hanna-Barbera.

Mas recentemente as dobras correram no desenho Os Cavaleiros do Zodíaco, no qual o dublador Marcelo Campos falou por dois bonecos, os quais, inclusive, conversaram entre si. Em Arquivo X, Guilherme Briggs teve que fazer uma dobra em um dos episódios da série quando o Canceroso conversa com o Agente Alex Krycek, ambos dublador por Briggs. “O Waldyr Sant’Anna, na época diretor da série, me pediu para fazer dobra, pois o elenco da Vti era muito reduzido”. Conta Briggs. “Não foi difícil, como são personalidades diferentes são vozes diferentes. Gravei primeiro um personagem em um canal de som e, depois, gravei o outro em outro canal. Acho que deu para o público perceber que se tratava da mesma pessoa”.

COMO É DUBLAR UMA SITCOM?

Uma das primeiras sitcoms a chegar no Brasil que me lembro foi I Love Lucy nos anos 50, a qual inclusive é considerada como percussora dos elementos de caracterização do gênero. Nos anos 60, vimos sitcoms como A Feiticeira (com a voz da saudosa Rita Cleós) e Jeannie é Um Gênio (com a igualmente saudosa e talentosa, Líria Marçal). Nos anos 70, vieram outras séries famosas como Mary Tyler Moore, suas spin-oofs como Phillys e Rhoda e O Show da Lucy cuja exibição foi feita tardiamente pela TVs, atual Sbt. Nos anos 80 vieram O Show de Bill Cosby, Primo Cruzado, Caras e Caretas, Alf-O Eteimoso e Um è Pouco, Dois é Bom e Três é Demais. Algumas destas sitcoms tiveram um relativo sucesso e, outra,s inesquecíveis, e todas dubladas com uma qualidade impressionante. Infelizmente, nos anos 90, poucas sitcoms foram dubladas, senso esta década a que mais trouxe esse gênero de programas graças à TV a Cabo. Estas produções estão chegando no cabo legendadas perdendo, assim, o “gingado” brasileiro que as sitcoms sempre ganharam por aqui. Quem não se lembra do inesquecível Primo Zeca, de Primo Cruzado, dublado pelo maravilhoso Newton da Matta?

Algumas sitsoms dos anos 90, como Um Amor de Família e The Nanny, são exceções nesta torrente de legendas. “Eu fui o diretor artístico e responsável pela seleção das vozes de Um Amor de Família feita na S&C Produções Artísticas”. Conta Jorge Barcellos. “Era muito bom dublar esta série. Me lembro que nos divertíamos muito e acredito que fizemos um bom trabalho. O elenco de vozes era muito bom, no qual eu destaco Nelson Baptista (Al Bundy), que já morreu, Neuza Azevedo (a vizinha) e Isaura Gomes (Katey Seagal, a mãe) e Angélica Santos (o filho menor), quando o menino cresceu, ela foi substituída por Wendel Bezerra”

“A direção de dublagem de Um Amor de Família coube ao Antônio Moreno, que dirigiu o ‘pacote’ inicial, ou seja, o começo da série. Mais tarde, apareceu um novo ‘pacote’ com os demais episódios que o Moreno ia pegar, mas ele já estava dirigindo uma novela e não poderia fazer os 2 trabalhos ao mesmo tempo. Então eu dirigi o último ‘pacote’”. Conta Nelson Machado. “Não cheguei a dirigir os episódios com a Angélica Santos. Na fase que eu peguei, o menino já usava barba”. O diretor Antônio Moreno lembra deste trabalho que precisou largar em função das novelas mexicanas. “As novelas eram uma necessidade da ‘casa’ e me chamaram para dirigi-las. Como o elenco de Um Amor de Família já estava entrosado, conhecia bem seus papeis, deixei a direção”. Por ser um programa com base em piadas e trocadilhos, existe uma dificuldade muito grande em traduzir (principalmente) e dublar sitcoms.

“Os atores tem dificuldades em certos casos, mas têm alguns com mais versatilidade e facilidade”. Conta Angélica Santos. “O diretor de dublagem, ao escalar o elenco, tem que ter esta percepção. Precisa saber se o ator consegue fazer comédia ou não e o quanto o personagem vai aparecer na série, exigindo mais do dublador. O que acaba definindo a escalação é a experiência e o tempo de serviço do dublador. A escalação para uma sitcom é fundamente para seu sucesso em português”.

“Existe uma diferença porque os gêneros são diferentes, por isso as maneiras de interpretar são diferentes”. Explica Nelson Machado em opinião apoiada por Antônio Moreno. “Há uma diferença, sim. É questão de sensibilidade, estando dentro do assunto você pode até adaptar o texto para que ele se torne compreensível ao telespectador. Isto é necessário para se criar um clima cômico. Na comédia, você faz o clima e no drama, você tem o clima. Em Um Amor de Família, é possível encontrar elementos bem brasileiros com os quais é preciso ter um ‘jogo de cintura’ para usa-los. Um bom diretor tem que ter essa sensibilidade, ele encaminha uma seqüência para que o dublar ‘entre’ no clima. Com certeza, comédia é mais leve, exigindo muito mais um trabalho de criação e o drama por sua vez já bem pronto”.

Recentemente, os fãs de uma boa sitcom, entre os quais me incluo, tiveram o prazer de assistir a um grande trabalho feito por dois ótimos dubladores da atualidade. Trata-se de Dharma e Greg, aliás, Silvia Salustti e Jorge Eduardo, exibida pelo Canal Fox que decidiu não mais precisar desta maravilhosa dublagem. Slustti (a Buffy, a Gabrielle de Xena e a Phoebe de Friends) com um “timing” de comédia impressionante, melhora o original, sendo que o incrível Jorge Eduardo (o agente Fox Mulder de Arquivo X), faz um grande favor ao personagem Greg dando-lhe um lado cômico, o qual, particularmente, não encontrei assistindo à versão original. Parabéns a esta que é uma das dublas de dubladores mais engraçadas da atualidade. Nós, o público, torcemos para que os canais a cabo percebam isto e tragam mais sitcoms desta qualidade e tão bem dubladas como esta, pois, como isso, seus assinantes só têm a ganhar.

A IDENTIDADE DA CASA

Logo após o nome do episódio, e da distribuidora, vem o anuncio do estúdio de dublagem o qual é sempre feito por um locutor, ou se preferir apresentador, com uma voz bastante característica que procura marcar a casa de dublagem com uma voz específica. O mais famoso locutor foi Carlos Alberto Vaccari que anunciava com sua inesquecível voz: “Versão Brasileira AIC-São Paulo”. Vaccari chegou a emprestar sua voz para a locução da Bks, porém, agora por problemas de saúde, não faz mais locuções. “Tenho a impressão que esta preocupação com a locução começou com o Vaccari, antes era o próprio diretor de dublagem que fazia a abertura, ele ia lá e dizia: ‘Versão Brasileira...’”. Nos conta Nelson Machado, a voz do Kiko em Chaves e proprietário do estúdio Capricórnio. “Quando o Vaccari começou, a fazia a locução com uma entonação diferente e as casas viram isso. Então, começaram a usar uma voz específica para identificar a casa”.

Outro locutor que merece ser lembrado é Mariano Dublachevicius que fazia as apresentações da Herbert Richers nos anos 70 e 80. Para quem não sabe, ele era a voz de apresentação da série A Mulher-Maravilha. Sobre ele, nos fala a Gerente Administrativa de Dublagem da Herbert Richers, Silvana Polito Telles. “O Mariano tinha uma locução e voz impressionantes. Atualmente ele está parado porque teve um calo nas cordas vocais e não conseguiu se recuperar. Infelizmente, foi uma grande perda para a casa. Até hoje não conseguimos encontrar alguém à altura do Mariano para fazer a apresentação da Herbert Richers”. Domingos Pereira da Silva Jr., da Dublamix, também se lembra de Mariano. “Lembro-me que logo quando esse rapaz começou, ele tinha dificuldade na pronúncia de certas palavras em inglês, então eu procurei auxilia-lo em várias situações. Ele fazia um trabalho excelente, tinha uma voz e locução espetaculares”. Após a saída de Mariano, a locução foi sucedida por várias vozes conhecidas como Newton da Matta e Márcio Seixas, sendo que, atualmente, quem faz a locução na Herbert Richers é Gilberto Lisieux podendo ser ouvida sua voz em séries como Buffy, A Caça-Vampiros e no desenho Batman do Futuro.

É importante também lembrar o impecável trabalho feito por Leonel Abrantes que era locutor oficial da Telecine do Rio. Abrantes, durante muito tempo, fez as locuções daquele estúdio, entretanto, é mais conhecido do público como o apresentador do desenho Freakazoid e como a voz de Charles Thousend, que só aparecia de costas, falando por um alto-falante na série As Panteras. Todos os estúdios têm seus locutores (ou apresentadores) oficiais; o da Vti era Edmo Luis. Os canais de TV aberta e fechada também estão tendo este cuidado de manter uma voz que os identifique e contratam locutores para sua chamadas da programação. Vejam, por exemplo, Neville George, a voz de James West e Doug Phillips (Túnel do Tempo) no canal Rede TV! Já o dublador Jorgeh Ramos (a 1ª voz do Cyborg) apresenta as propagandas de filmes produzidos pela Columbia Tri Star Pictures exibidas na programação do canal Sony. Isto porque Ramos é a voz oficial das propagandas de filmes e trailers nos cinemas brasileiros. No canal Usa, temos dois locutores oficiais: Márcio Seixas e Luiz Feier.

Jorge Barcellos acrescenta: “Eu sempre procurei fazer a locução tanto da S&c, quanto da Megasom e agora na Sigma, para marcar que se trata especificamente do estúdio”. Sobre a questão, Domingos Pereira da Silva Júnior, proprietário do estúdio Dublamix, nos fala: “Quem fazia a locução inicialmente na Dublamix era o Luis Feier, porém, ele ficou sem tempo pelos vários compromissos que assumiu. Atualmente quem faz a locução é o Maurício Berger (a voz de Jarod de Pretender e do vampiro Angel de Buffy A Caça-Vampiros)”. No estúdio carioca Audionews, o locutor, inicialmente, era Márcio Seixas, recentemente quem fazia a locução era o eterno Capitão Furacão, ou se preferir Barbapapa, o nosso querido Pietro Mário. Outro locutor que é mais conhecido por seus trabalhos em dublagem no passado – ele foi a voz do Sr. Spacely de Os Jetsons (AIC) e Glenn Ford no filme Superman (1ª dublagem) – é Waldir de Oliveira voz oficial do estúdio paulista Marshmellow. Na Master Sound, de São Paulo, a locução durante muito tempo foi feita pelo veterano dublador Emerson Camargo, atualmente o responsável pela locução é Júlio Franco.

“O locutor tem que ser uma voz fora da dublagem”. Nos conta Luiz Manoel da Sincrovídeo. “Tentei, na Sincrovídeo, quebrar a tradição dos homens na locução e utilizei, por um tempo, uma voz feminina. Ela era locutora de rádio e tinha uma voz belíssima. Infelizmente, ficou doente e se afastou e passei a utilizar vozes masculinas na locução. Durante muito tempo, a nossa locução era feita pelo Sérgio Luis, que agora é o locutor oficial da rede Record de Televisão. Mas por uma série de motivos ele não pôde mais continuar conosco, e agora temos o Maurício Berger. Sempre achei errado usar vozes do elenco para fazer a locução da casa, por isso eu evito”. Na Delart, “um dos primeiros locutores de quem me lembro foi o Pádua Moreira, que hoje é diretor-artístico; depois foi Fernando Borges, seguido pelo Jorgeh Ramos. Atualmente, algumas emissoras como o Sbt, cortam a locução dos programas, passando direto para os episódios. Por isso, a locução quase não é feita aqui, mas, quando fazemos a locução para algum filme ou vídeo, a voz é do Leonardo Serrano”. Diz Sérgio De La Riva.

Outro que merece destaque ao se falar em locução é João Francisco Garcia Filho, locutor oficial da Dublavídeo de São Paulo, como nos fala Antônio Moreno, voz paulista de Chuck Norris em Walker Texas Ranger: “O João Francisco, que é o dono da casa, é a voz oficial da Dublavídeo. Ele dublou por um período, mas agora não tem mais tempo em razão de administrar a casa. Faz apenas uma ou outra ponta”. João Francisco pode ser lembrado pelo público como a voz do policial Kas (do ator Richard Tyson) na série Força Bruta exibida pela Rede Record. Outra voz que faz a locução da casa é Orlando Gentil. A Cinevídeo tem como voz oficial o dublador Ricardo Vooght como nos contou Dário de Castro, o pai de Blossom. “O Ricardo já é veterano em dublagem, me lembro que ele fazia a voz de um dos meninos da série Os Waltons”.

Por isso, preste atenção cada vez que o locutor anunciar um estúdio nos créditos iniciais, pois sua voz é mais uma forma de se identificar a casa de dublagem que realizou o trabalho.

DUBLADORAS DA ATUALIDADE

Realmente, passou muito tempo entre o início da dublagem, com apenas 4 casas (que eram Herbert Richers, Ibrasom, CineCastro e AIC), e os tempos atuais, com 40 empresas de dublagem (embora muitas não existam na prática) como nos conta Domingos Pereira da Silva Júnior, da Dublamix do Rio de Janeiro: “Hoje, existem 25 casas em São Paulo, 13 no Rio de Janeiro e mais 2 em Santos”. Abaixo, listamos algumas das casas, estando sublinhados os nomes como são conhecidas no mercado.

Estúdios de São Paulo:

B.K.S (Brás Kino Som), já existe com este nome há 22 anos, sendo de propriedade de Pierangela Piquet. A empresa chamou-se, inicialmente, Gravasom, e depois ficou conhecida como Aic e, atualmente, Bks. Como trabalhos recentes: a redublagem da série japonesa Ultraman, tendo dublado no passado o seriado cômico Chaves (Sbt). Agradecimentos à Sra. Priscila, secretária da empresa pelas informações.

*Observação do Casa da Dublagem, a seriado Chaves que é citado, foi a primeira dublagem da fase do Chaves do final dos anos de 1980 já com os atores mais velhos, e batizado aqui com o nome original da série, Chesperito.

Master Sound Business, já existe há 10 anos, sendo de propriedade de José Apezzato (fundador) e seu filho José Luiz Apezzato. Como trabalhos recentes: O Quinteto (a partir do 2° ano), Paixões Perigosas (a partir do 4° ano), Sliders-Dimensões Paralelas e o desenho japonês Pókemon. Agradecimentos ao Sr. José Luis Apezzato pelas informações.

Dublavídeo Publicidade Propaganda LTDA, já existe há 9 anos, sendo de propriedade de João Francisco Garcia Filho. A casa tem 8 estúdios. Seus trabalhos recentes são: Martial Law, Nash Brigdes, Jogo Duplo (redublagem) e o desenho Futurama. Agradecimentos à Sra. Amanda Biscola, Secretária da empresa e o Sr. Mauri Ribeiro da Silva, Diretor-Artístico, pelas informações e pelo tratamento gentil dispensado.

Centauro Comunicaciones do Brasil, já existe há 4 anos no Brasil, tendo estúdios em Miami (Eua) e no México. Têm 4 estúdios. Trabalhos recentes: filmes para o Canal Tnt e Discovery Channel, Super-Homem (desenho do Canal da Warner), desenhos Princesa Sissy, Surfista Prateado e Barney. Agradecimentos a Sr.a Edelim Cremonese, gerente da empresa pelas informações e pelo tratamento gentil dispensado.

Sigma Comunicações e Assessoria LTDA, já existe há 10 anos. Têm 4 estúdios, sendo de propriedade do veterano dublador Jorge Barcellos o qual dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria e a quem agradecemos as informações. Trabalhos recentes: The Big Easy (2° ano), Terra: Conflito Final (2° ano), Ana Pimentinha, Hora Disney-Hora do Recreio, Amendoim, Paçoca e Geléia e Noites de Esportes (Sports Night) em dublagem.

Álamo, já existe há 27 anos, sendo de propriedade de Michael Stoll. Têm 6 estúdios de dublagem e 3 de mixagem. Agradecimentos à Angélica Santos, Coordenadora de Dublagem, a qual dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria. Trabalho recentes: As Aventuras de Rin-Tin-Tin (redublagem), Dragon Ball Z, Os Anjinhos e O Fantástico Mundo de Bob.

Marshmellow Mídia Eletrônica S/C LTDA, já existe há 10 anos, sendo de propriedade de Antônio Paladino, o qual dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria a quem agradecemos as informações. Trabalhos recentes: Nightman (O Homem-Eletrico), Crime em 1° Grau e o desenho Family Guy (Uma Família da Pesada) em dublagem.


Capricórnio Áudio de Vídeo Ltda, de propriedade do veterano dublador Nelson Machado e Gisa Della Maré, existindo há 8 meses. Tem 1 estúdio. Trabalhos recentes, filmes para home-vídeo: Inimigo Oculto, The Mas – A Série e o desenho Bangers e Mash. Agradecemos à Gisa Della Maré e Nelson Machado pelas informações, pelo bom humor e pela atenção dispensadas.

Stúdios Gabia de propriedade de Ronaldo e Carla Gabia, existindo há 2 anos. Têm 3 estúdios. Trabalhos recentes, filmes para a produtora Miramax: A Vida é Bela e Pânico 2. Agradecemos a Sra. Carla Gabia pela simpatia, disponibilidade e informações dispensados.

Outros Estúdios de São Paulo: Clone e Time Code, esta última de propriedade de Marcelo Coutinho, apresentador do Clube Irmão Caminhoneiro do SBT.

Estúdios do Rio de Janeiro:

Herbert Richers S.A., fundada em 1962 por seu proprietário o Sr. Herbert Richers, nome que tornou-se sinônimo de dublagem no Brasil. Existe há 37 anos e tem 7 estúdios. Trabalhos recentes: Buffy, A Caça-Vampiros, Millenium, Friends e o desenho Batman – The Animated Series. Agradecemos a Sra. Silvana Polito Telles, Gerente Administrativa de Dublagem, pelas informações e pelo tratamento gentil dispensados.

VTI – Vídeo Interamericana LTDA., já existe há mais de 12 anos, sendo de propriedade do Sr. Victor Berbara. Tem 3 estúdios. Trabalhos recentes: Nova York Contra o Crime, Arquivo X, Sete Dias e o desenho Os Simpsons. Agradecemos à Sra. Candice, secretária da direção, pelas informações e pelo tratamento gentil dispensado.

Dublamix Produções Para Vídeo e TV LTDA., já existe há 8 anos. Tem 2 estúdios, sendo de propriedade de Domingos Pereira da Silva Júnior, o qual dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria a quem agradecemos pelas informações. Trabalhos recentes: Rumo Ao Sul, Melrose, O Desafio, The Pretender, Sétimo Céu e a sitcom Encontros e Desencontros.

L.A.S. ELIAS Cinevídeo LTDA., já existe há 10 anos, sendo de propriedade de Luis Alberto. Tem 3 estúdios. Trabalhos recentes: Barrados no Baile, Dawson’s Creek e os desenhos Laboratório de Dexter e A Vaca e o Frango. Agradecimentos a Sra. Teresa Elias, secretária do estúdio pelas informações e pelo tratamento gentil dispensado.

Sincrovídeo Produções Cinematográficas LTDA, já existe há 12 anos. Tem 1 estúdio concluído e mais 3 projetados. É de propriedade do veterano dublador Luiz Manoel o qual dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria a quem agradecemos pelas informações. Como trabalhos recentes: os desenhos Stone Barry e CatDog, ambos do Canal Nickelodeon e o documentário Refúgios para o Canal People And Arts.

Telecine Produções Cinematográficas, já existe desde 1975, sendo de propriedade de Spyros Sliveros. Tem 2 estúdios. Trabalhos recentes: Ally McBeal e Dharma e Greg. Agradecemos à Sr.a Zinovia Sliveros, gerente do estúdio, que dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria.

Delart Estúdio Cinematográfico, já existe desde 1982, sendo de propriedade de Carlos De La Riva. Como trabalhos recentes: Blossom, O Mundo é dos Jovens, Um Anjo Muito Doido e os desenhos 101 Dálmatas, Timão e Pumba e Superpatos. Agradecimentos ao Sr. Sérgio De La Riva, Gerente de Produção, que dispensou, muito atenciosamente, tempo para conversar, auxiliando na elaboração desta matéria.

Audionews, já existe há 4 anos, sendo de propriedade do dublador Marco Ribeiro e de Ricardo Ribeiro. Trabalhos recentes: Yu Yu Hakusho. Agradecimentos ao dublador e proprietário Marco Ribeiro pelas informações.

Doublesound Estúdios Programações, já existe há 5 anos. Tem 4 estúdios. De propriedade de Luis Guilherme Dorei e Marcelo Coutinho. Trabalhos recentes: os filmes da Disney como Hércules, Tarzan, O Corcunda de Notre Dame, Mulan, e os desenhos Hércules, Madalaine e Wuzzles. Agradecimentos ao Sr. Luis Guilherme Dorei pelas informações. Site Oficial: www.doublesound.com

Espero, com esta matéria, ter respondido algumas dúvidas dos leitores a respeito desta arte que é a dublagem brasileira. Mas gostaria de deixar registrada minha crítica aos meios de comunicação, ou mídia, brasileira a qual, em geral, deveria dar mais valor ao trabalho de dublagem. Este é um trabalho de boa qualidade, com exceções que ocorrem em qualquer profissão em qualquer país. A qualidade de nossos profissionais sempre foi reconhecida no exterior, haja vista a reação de produtores americanos que se encantam com o resultado de nossos atores e atrizes, os quais “emprestam” suas vozes para versionar em português um produto estrangeiro. O público percebe e valoriza a importância deste trabalho ofendendo-se quando alguém que nem conhece o processo (e, muitas vezes, prefere não saber) ataca a paus e pedras a versão brasileira, porque, pessoalmente, prefere o som original. Caberia à mídia dar mais atenção ao trabalho de dublagem realizado no Brasil, incentivando quando for bem feito e apontando os problemas para que sejam corrigidos.

Em países como Japão e Espanha o dublador é tratado como um ator respeitado pela mídia. A dublagem não está “sepultando” o original, mas valorizando o idioma nacional, a cultura de um país ao introduzir gírias e expressões típicas, auxiliando o artista local (o qual tem cada vez menos espaço neste país) e valorizando o público que não pode ler a legenda ou prefere assistir ao filme ao invés de lê-lo.

Infelizmente, no Brasil, os canais, em especial a cabo, encontram apoio da mídia a qual parece endeusar a legenda ao menosprezar a dublagem, referindo-se à mesma como “ruim” ou “detestável“ sem ao menos ter condições de explicar sua opinião de forma cabível. Talvez porque não saiba explicar. A dublagem é criticada como um todo, estimulando o surgimento de críticas de pessoas que acabam indo na “onda” para não parecerem alienadas muito antes de terem tido tempo, ou interesse, em prestar atenção do objeto criticado. Quantas vezes vemos alguém torcer o nariz quando descobre que sua série favorita chegou à TV aberta dublada? Torcem sem ao menos ouvir o resultado do trabalho destes artistas, simplesmente porque a dublagem é, tradicionalmente, desprezada por aqueles que tem o poder de influenciar o público. Quantas vezes não ouvimos uma pessoa criticar a dublagem e exigir seu fim porque conclui, erroneamente, que a tradução mal feita é culpa do dublador? No entanto, quando o trabalho está bem feito, o que quase sempre acontece, a crítica silencia-se, esquece de comentar, não leva em consideração.

É mais fácil criticar sem conhecer que pesquisar e ouvir, para, somente então, emitir uma opinião coerente e com fundamentos, aliás, algo muito difícil na mídia. Esquece-se esta mesma mídia que no Brasil existem 5 milhões de analfabetos, milhões de crianças, idosos e pessoas com dificuldades diversas em ler e legendar. Sou um admirador desta arte e como tal sei que existem trabalhos malfeitos, mas, felizmente, os bons são em maior número, e tal qual os críticos, exijo melhores resultados. Deixo bem claro que não sou contra a legenda, muito pelo contrário, acredito que tanto a legenda quanto a dublagem deveriam ser opcionais ao público, cabendo a ele escolher como quer assistir seu programa...já que está pagando.

Certa vez tive a oportunidade de conversar com Garcia Jr. (a voz do He-Man e Macgyver), que ao ser questionado sobre o que pensava das críticas à dublagem e à opinião de que deveria acabar legendando-se todos os programas estrangeiros, sintetizou aquilo que penso:

“Acho que opinião todo mundo pode ter a sua, a qual respeito. Mas, como é normal no Brasil, as pessoas sempre atacam tudo pela mão inversa. Deviam, primeiro, atacar a falta de educação e cultura do povo. As pessoas têm a mania de ‘arrotar’ cultura sem, muitas vezes, ter nenhuma. Infelizmente, é um país sem cultura, sem educação e sem memória, então, se você não tem nada disso, lhe falta um pouco de inteligência, fica mais fácil atacar aquilo que está sendo feito que dizer o que devia ser feito para minimizar o programa. A legenda faz a mesma coisa que a dublagem só que diminui o entendimento do filme, pois reduz em 50% os diálogos porque precisa acompanhara imagem. Em segundo lugar, ao ler a legenda, não se assiste ao filme, não se vê a obra. Cinema é, muitas vezes, imagem, a qual se perde porque está lendo a legenda no rodapé da tela”.

“Eles deveriam atacar o analfabetismo para que as pessoas aprendam a ler a legenda. Depois, incentivar o povo a estudar línguas estrangeiras para poder acompanhar o filme no original, sem legenda, aproveitando, assim, q00% do texto. O resultado será um povo tão culto e criativo que dará ao ator um mercado enorme de trabalho em teatro, cinema e televisão, que não vamos mais precisar dublar”!

Gostaria de finalizar esta matéria com uma observação: a Rede Globo de televisão, tem, nos últimos meses, divulgado a arte da dublagem através de entrevistas com dubladores em programas como Vídeo Show. Desta forma, o telespectador está tendo a oportunidade de conhecer o rosto, a pessoa e a carreira que existe por detrás de vozes tão conhecidas.

CORREÇÕES

Na primeira parte da matéria As Casas de Dublagem foi dito que a Sra. Zinovia Saliveros era gerente do estúdio Telecine, quando na realidade ela era tradutora do estúdio. Foi dito, também, que Spyros Saliveros comprou a Televox; o certo é que a Televox foi criada por Paulo Amaral que depois comprara a CineCastro, e a encampa à Televox em 1974. Em 1976, Saliveros e Alberto Elias criaram a Telecine numa sociedade que durou por mais de 10 anos.

Na matéria sobre Orlando Prado, gostaríamos de informar que Dallas não foi dublada no estúdio Cinevídeo, mas na Telecine por cerca de 5 anos.


Carlos Amorim
Especial para a TV Séries

Agradecimentos à Carlos Amorim pelo Material.

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