Entrevista realizada em 29 de Março de 2010.
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C.D.:
Como surgiu National Kid?
Emerson:
Nacional Kid, foi o primeiro teste de vozes que ganhei
na minha carreira. Eu era novato e fui chamado a fazer o
teste só pra “fazer número”. Mas o cliente gostou
da minha voz e fui escolhido.
C.D.:
E o seu pai Wolner Camargo, qual foi a importância dele
para a dublagem?
Emerson:
Total. Ele transformou a dublagem de uma atividade
paralela e artesanal numa atividade verdadeiramente
profissional, criando as bases e a maioria dos parâmetros
que ainda hoje norteiam a profissão. Um verdadeiro
pioneiro em vários aspectos, alem de ter sido ótimo
dublador e diretor de dublagem.
C.D.:
No final dos anos 60, você foi para o Rio de Janeiro
trabalhar na TV Cinesom.Porque optou por isso?
Emerson: Nessa época eu já tinha dublado o primeiro ano
da série Agente da UNCLE, na AIC e a dublagem dos episódios
do ano seguinte de produção da série foram negociados com Hélio Porto, então Diretor
Artístico da TV Cinesom. Ele me convidou e fui ao Rio,
em 69, dirigir e dublar o segundo ano da série ao lado
de Ary de Toledo.
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C.D.:
Na TV Cinesom você fez diversos personagens. Lembro-me
de um que vi recentemente na série Batman, aonde você
dubla o Milton Berle no papel de Louie Lilás, com
aquele típico tom de voz que você dava a heróis
principalmente japoneses... Você sempre teve facilidade
em engrossar e mudar a voz?
Emerson:
Sim, fez parte do meu aprendizado. E na TV Cinesom além
de dublar também dirigi várias séries da época e fiz
alguns protagonistas, como por exemplo, o General Custer
na série do mesmo nome.
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C.D.:
Em 1971 você foi convidado para implantar a
filial paulista da CineCastro. Como foi pra você
na época ser o realizador disso?
Emerson:
Foi meu retorno a São Paulo, que eu já desejava,
mas foi bem difícil sair do zero e montar estúdio,
escritório e toda uma equipe aqui, numa
verdadeira filial.
C.D.:
E depois da CineCastro, o que você fez?
Emerson:
Depois fiquei
vários anos sem dublar regularmente. Trabalhei
oito anos com Treinamento de Executivos no MCB
Management Center do Brasil. Nesse meio tempo, em
1975, morei no Rio de Janeiro e como freelancer
dublei na Peri Films, na Herbert Richers e em várias
outras empresas de lá.
C.D.:
Nos anos 80 você fundou a empresa de seu nome e
também foi dono da Windstar.Elas eram a mesma
empresa ou foram empresas diferentes?
Emerson:
Aqui um esclarecimento: ao contrário do que você
escreveu no meu currículo no site, eu fundei a
Windstar em 1983 e ela existe até hoje.
C.D.:
"Versão Brasileira Windstar", essa
frase era sempre dita após o nome da
distribuidora, que era a Tikara Filmes...você
trabalhou muito com séries japonesas de sucesso
na época como Patrine, Soulbrain, Winspector...O
que fez você optar por esse estilo de séries?
Emerson:
A Windstar sempre esteve voltada para a versão de
filmes e vídeos didáticos e empresariais de treinamento,
mas em determinada época resolvi investir um
pouco nos programas de TV com a Tikara Filmes e
dublei estas 3 séries pra eles, mas foi só.
C.D.:
Como surgiu o convite de redublar National Kid?
Emerson:
Como contei em uma entrevista da época, recebi o
convite do Sr.Sato, que estava trazendo novas cópias
do seriado para o Brasil e queria, pelo menos,
manter a voz principal da primeira dublagem. E
aceitei o convite quase 30 anos depois da primeira
dublagem.
C.D.:
Atualmente você faz algumas narrações...
Emerson:
Atualmente trabalho com a Windstar em vídeos e
filmes técnicos de treinamento e institucionais
pra multinacionais que trazem seu material de
fora. Além disso, sou Diretor de Dublagem na
DPN-Santos que trabalha com material da Discovery.
C.D.:
E também continua dublando?
Emerson:
Sim, além de dirigir e dublar na DPN, ainda
dublo, pouco mas dublo, na Álamo, Dublavídeo e
mais algumas.
C.D.:
Nos anos 60 e começo de 70 você dublava
continuamente, já no final de 70 até os dias de
hoje, quase não ouvimos sua voz.Você dedicou-se
apenas como empresário após o começo dos anos
70, ou você teve outras atividades?
Emerson:
Como expliquei, fiquei sem dublar regularmente
entre 1973 e 1982, quando voltei ao mercado para
implantar, como Diretor Artístico uma nova fase
da Odil Fonobrasil, onde fiquei por 2 anos. Em 85
fui convidado pelo Núcleo de Dublagem do SBT para
supervisionar a produção e lá trabalhei até
1990, e além da supervisão também dirigi e
dublei algumas séries do canal.
Desde 2000 dirijo e dublo na DPN, além, é
claro do meu trabalho na Windstar.
C.D.:
Emerson, eu gostaria de agradecer a entrevista, eu
gostaria que você deixasse um recado para os fãs
de várias gerações.
Emerson:
Seus leitores são pessoas esclarecidas e creio
que sabem da importância da implantação e
desenvolvimento da Dublagem de Filmes no nosso país.
Sabem que foi através dela que, já nos anos 60,
várias empresas de Telecomunicação puderam
exibir com sucesso filmes e seriados importados,
colocando nossa sociedade em pé de igualdade com
a Cultura internacional. Imagens novas, textos e
idéias ventilaram e renovaram nossa sociedade de
então e continuam a fazê-lo até hoje através
da atividade única e altamente especializada dos
profissionais de Dublagem.
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Agradecimentos
a Emerson Camargo pela gentileza em participar
desta entrevista.
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