quarta-feira, 20 de março de 2019

Entrevistas - Emerson Camargo


Entrevista realizada em 29 de Março de 2010.

C.D.: Emerson, como você começou na dublagem?
 
Emerson: Eu comecei como tradutor, por volta de 1961 na AIC e só fui dublar a primeira fala em 1963. Em 64 fui oficialmente contratado como Tradutor/dublador.
 
C.D.: E o Capitão Kirk...
 
Emerson: Bom, ele cruzou meu caminho vários anos depois, quando já Diretor de Dublagem recebi a série Jornada nas Estrelas para dirigir.
C.D.: Como surgiu o Major Nelson?
 
Emerson: Já o Major Nelson foi resultado de escolha dos distribuidores da série no Brasil, depois de ouvirem vários testes de vozes.
 
C.D.: E porque deixou de dublar o ator?
 
Emerson: Depois de dublar o primeiro ano da série, houve uma pausa na importação dos episódios seguintes e nesse intervalo eu sai da AIC.
 
C.D.: Como surgiu National Kid?
 
Emerson: Nacional Kid, foi o primeiro teste de vozes que ganhei na minha carreira. Eu era novato e fui chamado a fazer o teste só pra “fazer número”. Mas o cliente gostou da minha voz e fui escolhido.
 
C.D.: E o seu pai Wolner Camargo, qual foi a importância dele para a dublagem?
 
Emerson: Total. Ele transformou a dublagem de uma atividade paralela e artesanal numa atividade verdadeiramente profissional, criando as bases e a maioria dos parâmetros que ainda hoje norteiam a profissão. Um verdadeiro pioneiro em vários aspectos, alem de ter sido ótimo dublador e diretor de dublagem.

C.D.: No final dos anos 60, você foi para o Rio de Janeiro trabalhar na TV Cinesom.Porque optou por isso?
 
Emerson: Nessa época eu já tinha dublado o primeiro ano da série Agente da UNCLE, na AIC e a dublagem dos episódios do ano seguinte de produção da série foram negociados com Hélio Porto, então Diretor Artístico da TV Cinesom. Ele me convidou e fui ao Rio, em 69, dirigir e dublar o segundo ano da série ao lado de Ary de Toledo.
 
C.D.: Na TV Cinesom você fez diversos personagens. Lembro-me de um que vi recentemente na série Batman, aonde você dubla o Milton Berle no papel de Louie Lilás, com aquele típico tom de voz que você dava a heróis principalmente japoneses... Você sempre teve facilidade em engrossar e mudar a voz?
 
Emerson: Sim, fez parte do meu aprendizado. E na TV Cinesom além de dublar também dirigi várias séries da época e fiz alguns protagonistas, como por exemplo, o General Custer na série do mesmo nome.
 
C.D.: Em 1971 você foi convidado para implantar a filial paulista da CineCastro. Como foi pra você na época ser o realizador disso?
 
Emerson: Foi meu retorno a São Paulo, que eu já desejava, mas foi bem difícil sair do zero e montar estúdio, escritório e toda uma equipe aqui, numa verdadeira filial.
 
C.D.: E depois da CineCastro, o que você fez?
 
Emerson: Depois fiquei vários anos sem dublar regularmente. Trabalhei oito anos com Treinamento de Executivos no MCB Management Center do Brasil. Nesse meio tempo, em 1975, morei no Rio de Janeiro e como freelancer dublei na Peri Films, na Herbert Richers e em várias outras empresas de lá.
 
C.D.: Nos anos 80 você fundou a empresa de seu nome e também foi dono da Windstar.Elas eram a mesma empresa ou foram empresas diferentes?
 
Emerson: Aqui um esclarecimento: ao contrário do que você escreveu no meu currículo no site, eu fundei a Windstar em 1983 e ela existe até hoje. O que aconteceu foi que quando redublei o Nacional Kid em 92, o Sr.Sato, da Sato Company, me pediu que assinasse a dublagem com meu nome, talvez para dar mais credibilidade a redublagem. Mas nunca existiu uma Empresa Emerson Camargo. Existe sim a WINDSTAR MULTIMÍDIA DO BRASIL ate hoje.
 
 
C.D.: "Versão Brasileira Windstar", essa frase era sempre dita após o nome da distribuidora, que era a Tikara Filmes...você trabalhou muito com séries japonesas de sucesso na época como Patrine, Soulbrain, Winspector...O que fez você optar por esse estilo de séries?
 
Emerson: A Windstar sempre esteve voltada para a versão de filmes e vídeos didáticos e empresariais de treinamento, mas em determinada época resolvi investir um pouco nos programas de TV com a Tikara Filmes e dublei estas 3 séries pra eles, mas foi só.
 
C.D.: Como surgiu o convite de redublar National Kid?
 
Emerson: Como contei em uma entrevista da época, recebi o convite do Sr.Sato, que estava trazendo novas cópias do seriado para o Brasil e queria, pelo menos, manter a voz principal da primeira dublagem. E aceitei o convite quase 30 anos depois da primeira dublagem.

 
C.D.: Atualmente você faz algumas narrações...
 
Emerson: Atualmente trabalho com a Windstar em vídeos e filmes técnicos de treinamento e institucionais pra multinacionais que trazem seu material de fora. Além disso, sou Diretor de Dublagem na DPN-Santos que trabalha com material da Discovery.
 
 
C.D.: E também continua dublando?
 
Emerson: Sim, além de dirigir e dublar na DPN, ainda dublo, pouco mas dublo, na Álamo, Dublavídeo e mais algumas.
 
C.D.: Nos anos 60 e começo de 70 você dublava continuamente, já no final de 70 até os dias de hoje, quase não ouvimos sua voz.Você dedicou-se apenas como empresário após o começo dos anos 70, ou você teve outras atividades?
 
Emerson: Como expliquei, fiquei sem dublar regularmente entre 1973 e 1982, quando voltei ao mercado para implantar, como Diretor Artístico uma nova fase da Odil Fonobrasil, onde fiquei por 2 anos. Em 85 fui convidado pelo Núcleo de Dublagem do SBT para supervisionar a produção e lá trabalhei até 1990, e além da supervisão também dirigi e dublei algumas séries do canal. Desde 2000 dirijo e dublo na DPN, além, é claro do meu trabalho na Windstar.
 
C.D.: Emerson, eu gostaria de agradecer a entrevista, eu gostaria que você deixasse um recado para os fãs de várias gerações.
 
Emerson: Seus leitores são pessoas esclarecidas e creio que sabem da importância da implantação e desenvolvimento da Dublagem de Filmes no nosso país. Sabem que foi através dela que, já nos anos 60, várias empresas de Telecomunicação puderam exibir com sucesso filmes e seriados importados, colocando nossa sociedade em pé de igualdade com a Cultura internacional. Imagens novas, textos e idéias ventilaram e renovaram nossa sociedade de então e continuam a fazê-lo até hoje através da atividade única e altamente especializada dos profissionais de Dublagem.
Agradecimentos a Emerson Camargo pela gentileza em participar desta entrevista.

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