quarta-feira, 20 de março de 2019

Entrevistas - José Santana


Entrevista realizada em 24 de Julho de 2011.

C.D.: José, é um prazer muito grande poder entrevista-lo e saber um pouco mais sobre sua carreira. Como você começou a sua carreira?, foi no Rádio?

José: Sim foi na Rádio Agulhas Negras em Resende, Estado do Rio. Mas antes de continuarmos gostaria de pedir mil desculpas pela resposta tão tardia e dizer que estou honrado por ser entrevistado.

C.D.: E a dublagem, quando surgiu pra você?

José: Em 1972 ou 3, convidado pelos diretores Telmo de Avellar e Nilton Valério na Tecnisom (Museu de Arte Moderna), hoje Delart.

C.D.: Você se lembra do primeiro personagem que dublou?

José: Na verdade eu e Márcio Seixas iniciantes na época, fazíamos as narrações da Disney e acredito que comecei a dublar realmente no “Planeta dos Macacos”.


C.D.: Você sabe que você é conhecido pelo grande publico, principalmente os que tiveram a infância nos anos 80 e 90 pelo desenho Super Amigos, no qual você narrava brilhantemente. Fale-nos um pouco sobre esse desenho, foram dezenas de episódios que você narrou não é?

José: Realmente foram sim. Acontece que além de rádio-ator, também fui narrador de esportes – inclusive corridas de cavalos – e quase todos os filmes e seriados que precisavam de determinada ação, lá estava eu!
Além dos “Super Amigos” fiz ainda “Corrida Maluca” e quase todos com o bordão que na época criei e hoje é conhecido por todos: ENQUANTO ISSO NA SALA DE JUSTIÇA...
 

Sala de Justiça, local que aparecia sempre junto com a narração clássica de José

C.D.: Lembra-se de Willie Tanner o dono do Alf?, outro de seus grandes trabalhos, como foi pra você dubla-lo?, havia alguma dificuldade no personagem?

José: Foi muito gratificante dubla-lo porque naquele tempo trabalhávamos juntos na bancada e principalmente ao lado de Orlando Drumond, Ilka Pinheiro – depois Nelly Amaral – e direção de Ângela Bonati que faziam com que eu me sentisse em casa, tal o carinho e dedicação com que estes profissionais trabalhavam, sem levar em conta que era a série do momento assistida por todo o país.

Willie Tanner em Alf, o Eteimoso

C.D.: Você sempre teve um timbre forte, e por isso sempre eram escalados personagens fortes fisicamente e de gênio forte muitas vezes, o José Santana também tem uma personalidade forte?

José: Tem sim. Muito divertido, brincalhão e amigo mesmo de todos, tem um limite pra tudo. Se gosto de um amigo, me entrego, senão é só um mero colega. Ouço mais do que falo e não discuto sobre nada.

Delroy Lindo, ator que José dubla até os dias de hoje.

C.D.: José, você também dublou atores fantásticos em filmes que acredito que muitos ainda estão em sua memória como trabalhos prazerosos que fez. Você já dublou Vigh Rhames, Delroy Lindo, Hulk Hohan, Richard Pryor, Peter Sellers, Richard Harris, Christopher Lee, George Kennedy, e muitos outros. Qual o ator que te deu mais satisfação em dublar?

José: Lance Henriksen (Frank Black) na série “Millennium”.
  
a primeira voz do Doc nas primeiras temporadas de Todo Mundo Odeia o Chris.

C.D.: Na série Todo Mundo Odeia o Chris, você foi a primeira voz do Doc, dono da venda aonde o Chris trabalhava. Particularmente achei você o melhor dublador para ele, porque ouve a troca de vozes no personagem?

José: Eu sempre lutei pelo que eu considero como: ”instrumento oficial de trabalho do dublador” que é ou deveria ser, a obrigatoriedade de empresas e diretores de dublagem manterem a voz do dublador em determinado personagem como uma regra geral, tanto no Rio como em São Paulo e não como acontece hoje. Houve uma época em que a Globo mantinha um fichário dessa natureza e garantia o trabalho do dublador, mas isso acabou e tanto empresas como diretores (poucos) nem querem saber quem faz quem. O negócio é entregar o filme ao cliente.... Talvez essa tenha a sido a causa de outro fazer aquele papel.

C.D.: Nesses mais de 30 anos de dublagem devem ter ocorrido muitas coisas curiosas e engraçadas na dublagem, você se lembra de alguma para nos contar?

José: Ah, meu amigo, fatos curiosos e engraçados foram muitos, mas muitos mesmos e como cada um teria de ser contado com todos os detalhes – o que seria muito extenso – em outra ocasião e com mais tempo eu prometo que conto não só um, mas vários.

C.D.: Outro personagem marcante dos anos 80 foi o robô Starscream de Transformers. Como era dublar ao lado daquele elenco maravilhoso que era composto por Celso Vasconcellos, Garcia Neto, Ionei Silva, Antônio Patiño, André Luiz, Paulo Pinheiro e tantos outros?

José: Como mencionei acima, dublar com outros colegas na mesma bancada é muito gratificante: pela amizade, pela energia contagiante, pelo profissionalismo, onde você alia o prazer e a felicidade de poder fazer.

Starscream em Transformers.

C.D.: E ó José Santana diretor, quando surgiu?

José: Em meados de 76, 7, pouco antes da greve de 1978, da Herbert Richers e Telecine.

C.D.: Atualmente você dirige e dubla em quais casas?

José: Dublo praticamente em todas as casas do Rio e estou como diretor até então na Audio News.


C.D.: José, foi um prazer conversar com você e mais uma vez muito obrigado.

José: Por favor, eu é quem agradeço a gentileza, carinho e principalmente a paciência que tiveram comigo. Se precisarem de mais alguma coisa, qualquer coisa, estou à disposição.
Enquanto isso, aqui, deixo o meu abraço.

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