Entrevista com Alexandre Lippiani ma edição N° 116 da Revista Henshin em Maio de 1997, aonde ele fala de seus personagem Clark Kent e sobre seu trabalho na dublagem.
Quando você começou a dublar?
Depois que fiz Sassaricando (final de 1986, começo de 87), fiz uma auto crítica de minha carreira e concluí que estava falando rápido demais. Por isso tinha que fazer algo para melhorar minha dicção e disfarçar o sotaque de mineiro. Acabei num curso de dublagem.
E qual foi seu primeiro personagem como dublador?
Fiz um dos personagens principais da série Cavaleiros de Houston (série exibida pela Tv Record). Depois dublei novelas mexicanas, um trabalho difícil de fazer porque a interpretação dos atores é geralmente horrível.
Como você consegue conciliar as carreiras de dublador e ator?
Fazer imitação barata de americano e de sua maneira de falar está cada vez ficando menos interessante para mim. Não estou mais interessado em dublar. Quero fazer meu horário, no Brasil ganha-se muito pouco como dublador. Mas reconheço que minha vivência no ramo me ajudou muito em minha carreira de ator. Nas dublagens sempre que se erra faz-se de novo. Na TV quando isso acontecia eu não voltava atrás. Impus essa disciplina ao meu trabalho como ator, e hoje possuo muito mais controle sobre meu sistema nervoso. Além disso, os estúdios de dublagem te dão a oportunidade de conviver com ótimos atores.
Você gostava do Super quando era pequeno?
Toda criança curte o Super-Homem. Tinha ele como maior dos heróis, principalmente através de revistas em quadrinhos. Também gostava de ver o desenho dos Super Amigos onde ele aparecia.
Como pintou a chance de dublar o Clark Kent?
Através de um teste. Seis dubladores tiveram que fazer um mesmo trecho de um episódio. Fui escolhido pelo Mário Jorge (diretor de cinema da TV Globo), que logo brincou comigo: “Você tem tanto a ver com o personagem que é até parecido com ele fisicamente”.
É difícil fazer a voz de um super-herói?
De acordo com os esquemas que existem no Brasil é muito difícil se fazer um bom trabalho com dublagem. Muito raramente se leva um texto para ser estudado em casa. Cada loop (a participação de um dublador numa cena) tem que ser feito em três minutos. O ideal era podermos ver várias vezes o filme no qual você fosse trabalhar.
Algum episódio de Lois e Clark foi especial pra você?
Sem dúvida. Aquele no qual ele se declara para ela e a pede em casamento, pois eu vivia (e vivo) uma situação parecida. Mas alguns episódios ficaram na minha cabeça por causa de suas situações incrivelmente absurdas. Teve um no qual um clone da Lois come sapos e outro em que o Super-Homem coloca óculos de realidade virtual para poder entrar dentro de um computador. Apesar de Lois & Clark possuir uma certa riqueza nos diálogos, acho que às vezes falta algum heroísmo.
Na sua opinião qual é o charme de As Aventuras do Superman?
O lado psicológico da série, o dia-a-dia, a paixão e os aspectos humano e romântico. Isso acabou pegando inúmeros telespectadores que não liam gibis,Por essas e outras é que não me deixam parar de dublar o Dean Cain. Por que o Super-Homem não pode ter outra voz? Com minha agenda tomada pela novela, eu tenho que fazer meu horário e não posso trabalhar junto com os outros dubladores. Meu trabalho em As Novas Aventuras do Superman não tem nada de mais. Sou apenas mais um Super-Homem.
E o comercial da Grendene que vocês fizeram juntos, como pintou?
Apesar de ser um trabalho para publicidade não ganhamos muito. Exigiram que dublássemos a Teri Hatcher e o Dean Cain no comercial. No Brasil ninguém valoriza o dublador: não há reconhecimento e nem grana.
Heitor Pitombo
Agradecimentos ao Centro Cultural da Juventude de São Paulo pelo Material.
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