Entrevista
realizada em 29 Junho de 2009.
C.D.:
Primeiramente muito obrigado por ceder esta
entrevista ao site Casa da Dublagem. Jomeri, você
nasceu em Campina Grande na Paraíba e começou
bem sedo o trabalho de radio, passou pela Radio
Tamandaré em Recife e anos depois foi para a
Radio Nacional do Rio, conte-nos um pouco do
começo da sua carreira pela radio.
Jomeri:
Quem nasceu em Campina Grande foi minha mãe,
poeta, atriz e declamadora Marili Poz. Eu nasci em
Teresina, em 3 de junho de 1928. Meu primeiro
aniversário foi comemorado no Rio J e eu já
tinha percorrido 18 estados do Brasil. O meu
início portanto não foi no rádio, eu vim do
teatro para o rádio, para a rádio Tamandaré do
Recife, e de lá me transferi para a Rádio e TV
Tupi, no Rio, em 30 de janeiro de 1956. (Informações
Pegas no Wikipedia!)
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C.D.:
Você também fez cinema: O Homem do Sputnik em
1959 e Pintando o Sete em 1960. De novelas, na
Rede Globo, fez Irmãos Coragem em 1970 e Os Ossos
do Barão em 1973. Por qual razão você não
continuou na dramaturgia? (Informações
Pegas no IMDB!)
Jomeri:
Não fiz nenhuma dessas duas últimas. Fiz da
Janete Clair, Rosa Rebelde, e do Dias Gomes, duas:
Assim na Terra Como no Céu e Bandeira 2. A
última vez que atuei em novela foi no Carinhoso,
da J Clair, e depois passai a atuar somente nos
programas humorísticos, da Tupi, e da Globo, como
o Balança Mas Não Cai, Na Tupi atuei em vários
programas, como o Teatro de Comédia, que
fazíamos uma peça por semana, todo sábado. Aí
atuei com Jayme Costa, Dulcina de Morais, Eva
Tudor e tanta gente.
Quando
eu cheguei no Rio nem telefone eu tinha e todo
mundo vinha me buscar, me encontrava. Os trabalhos
chegavam até mim: Francisco Dantas, diz e diz
Dulcina quer Hoje em dia precisa pedir e não
estou mais em idade de estar pedindo nada. É por
isso que continuo dublando, na dublagem me chamam.
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C.D.:
Como, quando e em que empresa você foi chamado
para dublar pela primeira vez?
Jomeri:
A primeira empresa foi a CineCastro, com a
diretora Carla Civelli, a professora de quase todo
mundo, como Natália Timberg, Ida Gomes, Teresa
Amaio, Hugo Carvana, Maria Fernanda, da Cecília
Meirelies, Jardel Filho, Roberto Maia, Diana
Morel. Os grandes nomes do teatro, todos dublavam
na CineCastro.
Não
lembro do primeiro personagem.
C.D.:
Agora vamos aos personagens: você tem uma lista
enorme de personagens principalmente em desenhos
animados. Nos anos 70 eternizou as vozes do
Capitão Mike Murphy em Laboratório Submarino,
Harry Boyle em Papai Sabe Nada e ainda substituiu
Ênio Santos no papel de Chefe Pondo em O Poderoso
Mightor. Você sabe o porque que você era muito
chamado para dublar em desenhos?
Jomeri:
Sim, é verdade, eu nem me lembrava desses
personagens. Provavelmente me chamavam pelo mesmo
motivo de hoje, pergunte a eles. |
C.D.:
Nos anos 80 você eternizou uma das produções
mais marcantes da juventude dos anos 80 e 90, que
foi o coelho Abel, amigo do Ursinho Puff em
Ursinho Puff ,e o eterno Firmino, porteiro da
escola em Carrossel. Você gostava de dublar esses
personagens? Você tem boas recordações dessa
época?
Jomeri:
Sim, gostava e continuo dublando até hoje, na
Herbert Richers. O Ursinho Puff continuo fazendo
até hoje.
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C.D.:
Na Herbert Richers você também era muito chamado
para dublar em novelas. Fazia como ninguém a voz
do saudoso ator Tito Guizar, que dublou em Marimar
como Papai Pancho, o avô de Marimar e na
Usurpadora como Chico o jardineiro da família,
também fez o pai da Lety, o Erasmo Padilla em A
Feia Mais Bela. Você se lembra de outras novelas
que dublou?
Jomeri:
Dublei muitas novelas do SBT, para enumerá-las é
difícil. Uma Ernani, a menina da mochila azul, em
que dublei o pai da menina, interpretado pelo ator
Pedro Armendari.
*ele
se referiu ao Capitão Matías Granados
interpretado por Pedro Armendáriz Jr. em Amy, a
Menina da Mochila Azul.
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C.D.:
Anthony Hopinks, você o dublou nos filmes Bobby
(Redublagem), Dragão Vermelho, Encontro Marcado,
Em Má Companhia, Hannibal e O Fantástico Dr.
Kellogg. Você substituiu o ator Darcy Pedrosa
após seu falecimento; você já havia feito a voz
do Anthony Hopinks antes da morte do Darcy? E,
falando um pouco do personagem, você nota alguma
diferença em dublar ele em relação a outros
atores?
Jomeri:
Encontro Marcado lembro que não dublei, os outros
dublei sim. O Darcy era meu grande amigo na
dublagem, e vários atores foram chamados para
substituí-lo, ninguém foi aprovado, e quem me
aprovou foi ele lá de cima, porque eu era grande
amigo dele. Cada ator tem sua maneira de
interpretar e a virtude do dublador é exatamente
essa, é se adaptar a cada interpretação, é
preciso copiar a interpretação do ator que está
sendo dublado. Cada ator é diferente. O papel
mais difícil do Anthony Hopkins que dublei foi o
Titus, em peça de Shakespeare, em estúdio de
São Paulo.
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C.D.:
Você fazia a voz do Jack Lemmon como ninguém: o
dublou em Dois Velhos Rabugentos e Meu Melhor
Inimigo, e em outros filmes além desses? Como foi
esse “casamento” com o ator, você logo de
cara pegou as inflexões dele?
Jomeri:
Dublei também um filme que ele fez um dos dois
personagens do filme inteiro, A vida é um teatro.
Não tive problema para fazer o personagem mais
velho, um ator veterano que dialoga com um novato.
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C.D.:
Além desses já citados você já fez a voz
também de Marlon Brando, Richard Harris,
Christopher Plummer, Howard Hesseman, Gene Hackman,
Wilford Brimley e uma infinidade de outros atores.
Você tem algum ator em especial que você mais
gostou de fazer?
Jomeri:
Lawrence Olivier, em Jogo mortal. Que o Paulo
Gracindo levou no teatro com o filho.
C.D.:
Repetindo a pergunta acima, para desenhos, além
dos já citados você também fez outros
personagens marcantes como Luigi em Super Mario
Bros, Cerebelo em Freakazoid, Professor na segunda
e mais conhecida dublagem do Gato Félix o
clássico, Kamaji em A Viagem de Chihiro, e muitos
outros. Qual o personagem que lhe marcou mais?
Jomeri:
(pulamos)
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C.D.:
Recentemente dublou três personagens para o
cinema: Ben Parker nos três filmes do Homem
Aranha; o presidente dos Estados Unidos no filme
X-Men 3 - O Confronto Final e o Chefe em Agente
86. Fazia um tempo que não víamos nada seu nos
cinemas, você acha que tem sido chamado menos
para dublagem, que ocorre aquele preconceito com
você em relação a chamarem veteranos para
dublar ou que não, que você continua sendo
chamado com a mesma frequência de antes?
Jomeri:
Continuo sendo chamado com a mesma frequência.
Recentemente fiz o Spock Prime em Star Trek, a
tartaruga Oggie, em Kung Fu Panda; o presidente
Lincoln em Uma noite no museu II, e o Up - Altas Aventuras,
em que dublei um personagem no original dublado
pelo Christopher Plummer (da Noviça Rebelde), o
Charlies Mont. Todos esses personagens foram
ganhos através de testes julgados nos Estados
Unidos. O estúdio brasileiro que vai fazer a
dublagem faz testes e manda para os EUA, para ser
julgado lá.
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C.D.: Jomeri, como você analisa o cenário atual da
dublagem brasileira? O que você acha que melhorou
e o que você acha que está em falta hoje em dia?
Você acha que hoje em dia a interpretação tem
deixado a desejar por alguns profissionais graças
também à facilidade de se dublar que há hoje em
dia?
Jomeri:
Antigamente, no meu tempo o mais importante de tudo
era a interpretação, hoje valorizam mais o
sincronismo total e absoluto, o que às vezes
sacrifica um pouco a interpretação. Eu gostava
mais do critério antigo, em que o principal é a
interpretação, ninguém assiste vigiando a boca
do ator, só dubladores fazem isso.
C.D.:
Atualmente, além de dublagem, você trabalha com
mais alguma coisa?
Jomeri:
Não, nem gostaria. Aos 81 anos, estou muito bem
na minha casa, assistindo à minha coleção de DVD's,
hoje com 978 títulos. E continuo indo dublar
sempre que me chamam.
C.D.: Jomeri Pozzoli, o site Casa da Dublagem agradece
imensamente pela entrevista com você que é um
dos maiores e mais clássicos dubladores do nosso
País. Muito Obrigado!
Jomeri:
Obrigado a você!
Agradecimentos
a Tereza Pozzoli pela mediação entre o Casa da
Dublagem e Jomeri Pozzoli.